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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

FÓRUM III

DESENVOLVER A ATIVIDADE DOIS DO CADERNO DE ESTUDOS:
" CRIAR UMA FORMA DE PARCERIA PARA A ESCOLA EM QUE VOCÊS ATUAM E SOCIALIZAR NESTE ESPAÇO."
LEVAR EM CONTA O ENCAMINHAMENTO DO MÓDULO PARA POSTAGEM.

AGUARDO AS POSTAGENS DE VOCÊS!

SUSANE MARTINS E CYNTHYA CARNEIRO - TUTORAS

terça-feira, 29 de novembro de 2011

PARA ENRIQUECIMENTO: INCLUSÃO - tecer pontos, desatar nós

Jane Haddad: inclusão - tecer pontos, desatar nós

Atenção, abrir em uma nova janela. 
http://www.direcionalescolas.com.br/images/stories/redacao/img49.pngDirecional Escolas – O que você tem observado como experiência de inclusão na educação básica, tanto em escolas públicas quanto privadas?
Jane Haddad – Entendo Inclusão social como um processo a ser construído diariamente, incluir não é uma ação natural em uma sociedade que prima por modelos ideais de beleza, inteligência e desempenho. Aceitar o "diferente” é uma construção lenta, já que a mesma envolve expectativas e desejos frustrados.
Ao acompanhar o processo de inclusão em diversas escolas, pude perceber uma característica interessante, nas séries iniciais: as crianças menores apresentam maior aceitabilidade em receber o coleguinha “diferente” e inclusive esforçam-se naturalmente para integrá-lo ao grupo. Em contrapartida, os adultos (professores e pais) apresentam mais resistência em lidar com crianças e jovens que fogem aos padrões estabelecidos do aluno-filho “normal”. Verifico na prática docente certa dificuldade de acolher até o colega-professor que apresenta ideias contrárias
A educação inclusiva permite um repensar e uma possibilidade de lançar o olhar para diversas direções.
Direcional Escolas – A lei é realista ao determinar que todos os estudantes tenham acesso à mesma experiência de aprendizagem em um grupo pautado pela diversidade? Há situações em que o convívio dessa heterogeneidade seja impossível em um ambiente de aprendizagem?
Jane Haddad – De acordo com Fávero (FÁVERO; PANTOJA & MANTOAN, 2004 – p. 11), a “educação inclusiva garante o cumprimento do direito constitucional indisponível de qualquer criança de acesso ao ensino fundamental, já que pressupõe uma organização pedagógica das escolas e práticas de ensino que atendam às diferenças entre os alunos, sem discriminações indevidas, beneficiando a todos com o convívio e crescimento na diversidade”.
Pergunto-me como cumprir tal lei, contemplando uma educação que atenda às diferenças de cada um, se trabalhamos com um currículo ainda classificatório e excludente? Uma educação pautada na diversidade deverá indagar o sentido do currículo escolar. Começaria pensando um currículo que contemple os sentidos, o lúdico, a sensibilidade, o estético, alicerçado na forma de olhar e reconhecer a importância da diversidade e que favoreça um debate entre todos os envolvidos na comunidade educativa.
Não acredito em uma educação inclusiva imposta como uma obrigatoriedade, colocar todos os alunos para dentro das escolas não garante uma inclusão, o que muitas vezes acompanhamos é uma segregação dentro de uma pseudo-inclusão. Vivemos uma escola que ainda estimula a competição pela competição, o que já é excludente. Defendo a inclusão que começa em cada um de nós, primeiro nos aceitando em nossas limitações, para que possamos aceitar o outro. Uma proposta inclusiva deve contemplar uma concepção de sujeito, de educação e de mundo. Que pessoa queremos ajudar a formar? Para atuar de que forma no mundo? Pautado em quais princípios e valores?
Na década de 80 acompanhamos o surgimento da proposta de integração educativa. O ensino dos alunos portadores de necessidades educativas especiais poderia ser realizado no contexto da escola regular. Cardoso (2003, p.19-20) aponta que “[...] a ênfase consiste em oferecer ao aluno uma mediação. A finalidade primordial é analisar o potencial de aprendizagem, como sujeito integrado em um sistema de ensino regular, avaliando ao mesmo tempo quais os recursos que necessita para que sua evolução seja satisfatória”.
Direcional Escolas – Em sua opinião, qual é o conceito de “inclusão” previsto pela legislação e qual deveria ser o acolhido?
Jane Haddad – Do meu ponto de vista, estamos engatinhando rumo a uma projeto educativo inclusivo. Nossas escolas estão sustentadas em tradições homogêneas, nossos professores ainda fundamentam suas teorias e práticas em modelos fechados, em que só entram alunos bons e produtivos. Trabalhar a diversidade e a diferença é um longo caminho a ser percorrido.
A legislação determina que todos os alunos devem estar incluídos, matriculados e assíduos nas escolas. Devem ser estimulados em seu processo cognitivo, incluídos em suas limitações e principalmente desenvolver- se e vir a ser um cidadão! Vir a ser? Então ele ainda não é? A legislação é um tanto ingênua e oferece uma longa distância entre o ideal e o real de uma prática pedagógica inclusiva, já que nossa estrutura curricular, métodos e técnicas de ensino, bem como a questão da avaliação, são extremamente excludentes. Como avaliar uma criança ou jovem com limitações cognitivas? Levando em conta nosso processo de avaliação?
Direcional Escolas – Em sua experiência, quais os comportamentos e posturas você identificou entre os pais em relação a isso? Eles próprios têm dificuldades e/ou expectativas que dificultariam a “inclusão” de seus filhos?
Jane Haddad - Quando comentei em minha conferência no Saber (em setembro de 2011, em São Paulo) sobre rever o processo de inclusão nas escolas, defendi repensar o currículo como ponto de partida, levando em conta que crianças e jovens “diferentes" apreendem de formas diferentes, usam habilidades que nem sempre nós educadores conhecemos. Só haverá inclusão e aprendizagem se houver desejo e mobilização por parte do professor e aluno. O professor necessita acreditar e desejar incluir seus alunos “diferentes”, para isso ele precisa ser preparado e instrumentalizado. Mas nem sempre isso acontece, até mesmo por conta do despreparo do professor, ou do currículo e projeto pedagógico ineficientes para tal proposta.
Aprender é o ponto fundante na vida de qualquer ser humano, incluir é revisitar esse ponto, lembrando que aprender requer sempre uma relação humana; professor aluno, pais filhos, mediados por um sentimento de desejo e cuidado Não há limitação quando há desejo e determinação por parte dos educadores e pais. Incluir ultrapassa diagnósticos conclusivos, laudos determinantes ou intervenções apenas psicofarmacológicas.
Direcional Escolas – Um recado final?
Jane Haddad – Deixo algumas pistas para uma mudança efetiva:
O cuidado, o acolhimento das diferenças, o amor e competência técnica permitem abrir novos canais de aprendizagem que contemplem uma ação inclusiva, uma aprendizagem real, que ultrapassem as limitações.
O currículo educacional ainda é fechado em si mesmo, um instrumento que não anuncia a que veio, apenas direciona e contempla o bom aluno, classifica e solicita um aluno que reproduz e devolve resultados quantitativos. Quem sabe assim, um dia ele será alguém e conseguirá uma boa posição no mercado de trabalho. No fundo, não é isso que esperamos?  Penso que estamos muito preocupados em definir diversidade/homogeneidade, certo/ errado, bom/ mal, baseado em pensamentos "vazios de sentido", sentido esse que vejo nitidamente como ausente. Muitos de nós educadores não reconhecemos um verdadeiro sentido em ensinar tais conteúdos, e mesmo assim continuamos fazendo. Pensar e falar sobre inclusão é resgatar o sentido da educação, levar em conta a maravilha que é a diversidade e suas possibilidades. Porque precisamos de leis para que os alunos "diferentes" possam ter seus direitos garantidos?
O que nossa experiência pode nos ensinar...
Em primeiro lugar, aprender com ela e procurar não cometer os mesmos erros. Passei minha vida de estudante ouvindo que eu era diferente, agitada, muito inteligente, mas não aprendia porque não tinha atenção. Meu nome na época era DCM (disfunção cerebral mínima), hoje conhecido como TDAH (Transtorno do Déficit e atenção/ hiperatividade ). Passados anos na escola, primeiro como aluna e depois como professora e coordenadora, reconheço ainda hoje o mesmo discurso com novas roupagens: alunos diferentes, fora do ritmo da turma, com um relógio biológico funcionando contrário ao relógio da escola e do tempo da urgência em que estamos mergulhados.
O próximo ponto
Instigar novas perguntas, estimular pesquisas empíricas sobre o tema, escutar os professores em suas dificuldades reais . Tecer inclusão requer criatividade, curiosidade e diferentes formas de lidar com o saber , teremos que rever o binômio adaptação- reprodução. "Cada um de nós é um mesmo diferente": isso significa que é nas diferenças que nos tornamos semelhantes.
Tecendo Inconclusões
Tecer inconclusões nos permite estar em aberto, construir e reconstruir nossa relação com o saber, rever concepções e ações, incluir o conceito inclusão para além de discursos “vazios”. Tecer ponto a ponto. A sociedade é o grande tear, a escola um ponto, a família seu contraponto... Nossos alunos são pontos a serem tecidos, um ir e vir,  vão e vêm, mostrando pontos a serem dados e nós a desatar, tecer uma educação de boa qualidade para todos, que ofereça oportunidades será o grande nó a ser desatado na legislação de uma educação inclusiva que ultrapasse as barreiras da exclusão!
Referências
CARDOSO, M. Aspectos históricos da educação especial: da exclusão à inclusão: uma longa caminhada. In: MOSQUERA, J. M.; STOBAÜS, C. (Org.).Educação especial: em direção à educação inclusiva. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
MANTOAN, M. T. E. Educação para todos: desafios, ações, perspectivas da Inclusão nas escolas brasileiras. Universidade Estadual de Campinas - ISSN:1517-3992. 2002. Revista On-line da Biblioteca Prof. Joel Martins.
Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 23 dez. 1996

Jane Patrícia Haddad Pedagoga, com especialização em Psicopedagogia, Docência do Ensino Superior e Psicanálise. Atuou por mais de 20 anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora, é consultora institucional e conferencista.
Mais informações:   janepati@terra.com.br  

domingo, 13 de novembro de 2011

NOS ÚLTIMOS TEMPOS A ESCOLA VEM TENDO SUA ESTRUTURA ABALADA, QUER SEJA NOS SEUS ASPECTOS FÍSICOS, DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS E/OU ADMINISTRATIVOS, O QUE VEM EXIGINDO DOS PROFISSIONAIS QUE NELA TRABALHA UM NOVO ENVOLVIMENTO. PRECISAMOS DE GENTE: GENTE QUE AMA, SENTE, CHORA, PARTICIPA..! A UNIDADE II TRAZ COMO TEMÁTICA  AS  BARREIRAS AO CONVÍVIO  DEMOCRÁTICO, DESTACANDO DENTRE ESSAS A VIOLÊNCIA ESCOLAR.
PENSANDO NA UNIDADE ESCOLAR EM QUE VOCÊ TRABALHA, VAMOS TROCAR EXPERIÊNCIAS, PARA TANTO, VAMOS SOCIALIZAR: QUE CAMINHOS ESTÃO SENDO ABERTOS PARA O CONTROLE DA VIOLÊNCIA ESCOLAR?
 Cynthya e Susane - Tutoras

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Fórum 1 - CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA NA ESCOLA

Discutir com o grupo que compõe o PROGESTÃO DE RIACHO DE SANTANA   sobre a convivência e as relações na escola entre todos os segmentos: gestores, professores, alunos, funcionários e comunidade. Destacar ações (realizadas na escola que você trabalha) que contribuem para melhorar a convivência. Identificar os elementos facilitadores da construção de um clima de confiança e de respeito à diversidade.

GESTÃO DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO

GESTÃO DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO
                                                                                           Susane Martins da Silva Castro[1]

RESUMO – O presente artigo pretende discutir a gestão democrática na educação, analisando o modelo de gestão que permeou a educação ao longo dos anos e as realidades vivenciadas nas práticas adotadas por gestores, para tanto, o texto se estrutura em três eixos. O primeiro faz uma breve alusão sobre o histórico da gestão, o segundo retrata o modelo de gestão a ser adotado atendendo aos paradigmas da atual sociedade e por último faz-se uma reflexão acerca da realidade vigente no âmbito escolar no que diz respeito à gestão democrática na educação. A pesquisa constitui-se numa abordagem qualitativa e utiliza em sua análise a revisão bibliográfica. Conclui-se que para que a gestão democrática na educação de fato aconteça é necessário um aprimoramento do entendimento do que seja democracia, que toda comunidade escolar se sinta convidado a participar, e que a cidadania seja vivida na prática. Sendo notória ainda a necessidade de se refletir sobre o que a mudança representa para a educação.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão Democrática. Realidades vivenciadas. Diretor Escolar.


Introdução:
   
Vivemos em uma sociedade multireferencial onde uma nova educação está sendo construída no interior das escolas. Estão sendo produzidos novos conhecimentos sobre o aprender e sobre a sala de aula, assim como, também, há avanços teóricos e práticos na área da administração educacional, compreendendo a política, o planejamento, a gestão e a avaliação da educação.
É possível afirmar tudo que acontece na escola, tem origem em diferentes concepções teóricas e metodológicas que permeiam a administração ou gestão educacional. E esta, por sua vez se assemelham a  teorias e tendências que explicam as formas de organização e funcionamento de outras institui­ções sociais.
Pensar a democratização da escola pública implica definir com clareza a função social dessa instituição. Para que serve a escola? Quais são suas funções básicas? Como se posicionar diante de outras funções a ela atribuídas?
A escola, enquanto organização so­cial, é parte constituinte e constitutiva da sociedade na qual está inserida. Assim, estando a sociedade organizada sob o modo de produção capitalista, a escola enquanto instân­cia dessa sociedade, contribui tanto para manutenção desse modo de produção, como também para sua superação, tendo em vista que é constituída por relações contraditórias e confli­tuosas estabelecidas entre grupos antagônicos.
O conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização do processo educacional e pedagógico; a participação responsável de todos nas discussões, efetivação das decisões acompanhamento e avaliação; precisa ser pensado dialogicamente mediante um compromisso coletivo com resultado educacional cada vez  mais efetivo.
A organização e a gestão constituem o conjunto das condições e meio utilizados para assegurar um bom funcionamento da instituição escolar, de modo que alcance os objetivos educacionais esperados.
Para Libâneo (2003) no caso da escola, a  organização e a gestão refere-se ao “conjunto de normas, diretrizes, estrutura organizacional ações e procedimentos, que asseguram a racionalização do uso de recurso, materiais, financeiros e intelectuais assim como a coordenação e acompanhamento do trabalho das pessoas”. (p.293)
Uma escola que se propõe  possibilitar a formação para cidadania deve ter por pressupostos teóricos fundamentais, a gestão democrática, a autonomia da escola e a construção coletiva do projeto político-pedagógico. Vemos assim, a escola como cumpridora de uma função social, onde seu verdadeiro papel político – institucional, serão garantidos se houver uma mudança de postura que a garanta. Segundo Ferreira (2000) a gestão democrática da educação é, hoje um valor já consagrado no Brasil e no mundo. No entanto, nossa experiência tem demonstrado que a mesma não se encontra totalmente compreendida e incorporada pelas escolas. Muito embora, a sociedade atual clama pela participação enquanto um dos princípios da gestão democrática.
É sabido que a humanidade tem passado por um processo de evolução constante; acompanhando este ritmo acelerado, é preciso garantir que a educação ocorra neste mesmo patamar,  pois, é sabido que  a educação ao longo dos anos tem enfrentado dificuldades devido as rápidas transformações rápidas e profundas. Na educação o tema gestão escolar tem sido muito requisitado por fazer um diferencial na qualidade do ensino.
                                                             
2 Um pouco de história:

                 Ao pesquisarmos a historicidade da gestão escolar percebemos que na década de 70 a figura do diretor era vista como um ser autoritário, que fazia parte de uma linha hierárquica, sendo onipotente, em contrapartida, na década de 80 essas características começaram a serem questionadas, assim surgiu o termo gestão que passou a ampliar as competências exigidas para este profissional da educação, que necessitava ter uma visão ampla e dinâmica. Diante disso, a gestão escolar nesta visão atual leva em consideração as funções desempenhadas por todos que fazem parte da comunidade escolar.
            Neste contexto, percebemos que um dos principais fundamentos que deram origem a essas novas práticas, foram as transformações trazidas pela Revolução Industrial até década de 60. Com o surgimento das fábricas deu-se início ao paradigma que defendia a produção racionalizada, a obediência hierarquizada estruturada, e a divisão de tarefas. Este modelo de trabalho também foi adotado pela instituição escolar, que de acordo com  LUCK (1983) define o papel do diretor escolar como autoritário e tradicional .
Considerando que é do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto a consecução eficaz da política educacional,  do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando, e coordenando todos os esforços nesse sentido, e controlando todos os recursos para tal. Devido a sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influencia (tanto positiva quanto negativa) sobre todos os setores e pessoas da escola.
Por outro lado, na década de 70 surgiu o tecnicismo o que piorou o cenário educacional, pois o diretor tornou-se mais impessoal e friamente técnico.
            Mediante as mudanças advindas das ultimas décadas surgiu a necessidade de uma escola que mobilizasse em torno de um projeto coletivo. Assim,  as novas exigências educacionais suscitam que o diretor antes de ser um administrador tem que ser um educador que saiba desempenhar seu papel em vários momentos, permitindo praticas democráticas e participativas.

2 Gestão da Educação: aspectos históricos, políticos e legais
O termo Gestão é atual, mesmo tendo origem latina (gerere) que significa “governar, conduzir, dirigir”, pois antigamente era utilizado o termo administração que também teve origem latina (administrare) que significa ‘gerir um bem, defendendo os interesses de quem a possui’. A partir deste princípio a gestão passa a ser uma parte da administração.
Etimologicamente o termo gestão democrática e participativa, vem do  grego e  surge de acordo com  (PERRY,1985)  nas  civilizações primitivas, quando os  gregos aos poucos passaram a compreender que os problemas da comunidade são provocados pelos homens, e portanto,  exigem soluções humanas. Os gregos queriam que os princípios de justiça fossem incorporados pela lei e que essa fosse igual para todos, sendo valorizada e obedecida porque expressava a vontade e as necessidades da comunidade e não o temor ao divino.
Neste sentido, a gestão democrática tem como objetivo principal a descentralização do poder, assim há uma maior possibilidade de que todos os envolvidos na instituição escolar exerçam sua cidadania, e conseqüentemente se tornarão capacitados, envolvidos, comprometidos, críticos e reflexivos.
Posteriormente o conceito de gestão vai tomando novos contornos, a partir dos princípios e das concepções dos que comandam a educação.
Com o fim da era industrial, que durou aproximadamente setenta e cinco anos, surge uma nova era, denominada era da informação. Com o advento da tecnologia, tornou-se necessário  uma (re) significação da gestão da educação, que supere a  fase de transposição dos princípios e métodos da teoria da administração empresarial para a administração educacional. Neste sentido Ferreira  (2000, p.306-307) declara que:“ Gestão é administração, é tomada de decisão, é organização, é direção”. Assim,  a gestão relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel.
Para Saviani (1980, p.120) “estes princípios, entretanto não são  intrínsecos à gestão como a concebia a administração clássica, mas são princípios sociais, visto que a gestão da educação é responsável por garantir  a qualidade de uma “mediação no seio da pratica social global”
Diante do exposto, a administração escolar exercida pelos diretores pautada na visão de ‘detentor do poder’, aos poucos vem perdendo espaço, pois  na escola que almejamos não há  mais possibilidade para decisões   hierárquicas, que apenas comunicas as decisões, não dando oportunidades à  criticas, nem a liberdade de expressão..
           
Para Libãneo (2006, p. 318) “a gestão  é, pois a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos técnico-administrativos.” O autor afirma ainda que a  direção é principio e atributo da gestão, por meio do qual é canalizado o trabalho conjunto das pessoas, orientando-se e integrando-se no rumo dos objetivos.

3 As mudanças de paradigmas.
Ao abordar a gestão democrática escolar é preciso compreender que dentre as muitas questões que vivenciamos desde o excessivo número de informações e a rapidez com que circulam as informações  até a acelerada globalização, a educação ganha novas formas e exigências. Assim, precisamos colocar a escola como um espaço democrático, para que haja convivência e dialogo entre as pessoas desejosas de que aconteçam ações diferentes nesse espaço. Então a escola, componente deste tempo e destas situações, busca ser um espaço democrático, aceitando a pluralidade de idéias e convivendo com elas.
A afirmação de que a escola é um espaço democrático parece ter uma compreensão tão avassaladora por qualquer pessoa, que não permite um enfrentamento maior da comunidade escolar e geral sobre seu maior significado. Cabe, porém questionar se a escola, fruto de um tempo permeado pela existência de situações constrangedoras, de valores morais e éticos conturbados, de inigualável corrupção, constitui um local efetivamente democrático em nosso país.
Quando refletimos sobre a importância de promover uma gestão democrática levantamos a seguinte indagação: Como os gestores podem atuar de forma democrática, estimulando a participação de todos no mundo que passou a ser considerado natural “misturar” bens pessoais com os públicos, burlar leis, descumprir regras, aplaudir a astúcia e ousadia de pessoas que querem “levar vantagem em tudo”?
Parece ser uma tarefa impossível, mas não é mesmo com este grande desafio temos a pleno convicção de que é possível sim educar um filho para ser honesto neste mundo desonesto.
Precisamos convocar todos para que cumpram essas leis, pois a democracia se faz com a observância da lei e com a participação das pessoas.
A participação consciente e responsável da comunidade escolar nos processos decisórios, em ações articuladas e conjuntas, é fundamental para que haja democracia ou a tão apregoada gestão democrática na escola. É preciso entender esse importante papel para poder ser voz e voto ativo na escola.
Sendo assim, acreditamos que a participação conjunta efetiva das pessoas no processo ensino-aprendizagem garante uma melhoria significativa na educação. Nesse processo temos que de antemão conhecer o termo participação que vem do latim (participationis) que significa “fazer parte de”, “tomar parte em”, “fazer, saber, informar, anunciar”. (CUNHA, 1994, p.584). Significa também fazer parte de uma ação, portanto, agindo em uma ação que é coletiva. A participação tem um caráter instrumental porque ao se participar, se exercita um direito de cidadania, se responsabiliza quem o faz, sobre o que faz, e o que necessita ser feito. Neste fazer conjunto a participação passa a ter um caráter e um compromisso social arraigados em valores humanos que são públicos, democráticos, solidários e não podem nem devem refletir interesses pessoais.       
A participação é o principal meio de si assegurar a gestão democrática da escola possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Além disso, proporciona um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional de sua dinâmica, das relações da escola e de comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores, alunos e pais.
Pois como pontua , Libâneo (2004) o conceito de participação está pautado na  autonomia, aqui entendida como a capacidade das pessoas e dos grupos de livres determinações de conduzir-se a sí próprio, isto é, de conduzirem sua própria vida. Neste sentido, a autonomia opõe-se as formas autoritárias de tomada de decisão. A verdadeira autonomia se  concretiza  nas instituições por meio da  participação ativa e consciente. Para tanto, um modelo de gestão democrática tem na autonomia um dos seus mais importantes princípios, implicando a livre escolha de objetivos e processo  de construção conjunta da gestão da escola.
            A sociedade escolar democrática é hoje uma exigência da sociedade como possível caminho para a democratização do poder na escola e na sociedade. Entendendo que a transformação social não se efetiva e não se consolida sem um processo de educação livre e aberto capaz de congregar os vários agentes do próprio processo. É nesta ótica que deve pautar-se a prática dos diretores, coordenadores e demais membros da comunidade  exercida nas escolas.

4 O Papel do Diretor na Gestão Democrática

A educação, compreendida no seu sentido histórico, legado cultural humano, impõe à escola o papel de provedora da educação sistematizada e, por conseqüência, instituição que engloba especificidades que a diferem de qualquer outra. Assim, administração escolar não pode ser reduzida aos princípios da administração empresarial; o lucro, finalidade das empresas, na escola traduz-se em desenvolvimento humano.
 Buscando analisar este papel social da escola, alguns caminhos não poderão deixar de ser trilhados, portanto, numa abordagem inicial, partir-se-á para uma análise da função do seu dirigente maior, o Diretor. Atualmente, dadas as condições de trabalho, ser diretor de escola é ser um “mero preposto do Estado” (Paro, 1997, p.11). Por mais que se queira infringir ao Diretor grande autoridade, máxima autoridade como definem as leis, a realidade nos prova o contrário. A questão que se coloca perpassa, primordialmente, pelo fato do  Diretor escolar ser na grande maioria indicado pelo poder público o que faz com que o mesmo seja visto como alguém que goza de privilégios. O Diretor indicado assim mantém relação de vassalagem com o seu padrinho político. Por outro lado, o Diretor que é admitido através de concurso não é o que a comunidade escolar escolheu, como acontece   quando o critério adotado é o da eleição. Paro (1997) afirma ser o diretor eleito o que tem mais condições de programar uma política de democratização efetiva, contudo alerta que exigir atributos da liderança do candidato a diretor é reconhecer o caráter eminentemente político dos problemas “administrativos” que afetam a escola pública. Um conhecimento mais apurado da realidade dessa escola permite afirmar que a precariedade de sua situação se deve fundamentalmente à recusa do Estado em fornecer condições de funcionamento adequado a um ensino de boa qualidade. Não é a ausência de belas teorias sobre a administração de recursos que impede o diretor de gerir uma escola com qualidade, mais a falta mesmo desses recursos para serem geridos.
Diante do exposto, não encontrando as condições de trabalho mínimas, não podendo exercer a sua autoridade, submisso aos escalões superiores, o diretor vê-se sem autonomia. Como o estado quer no Diretor a autoridade maior da escola, e supostamente delega-lhe este papel, é a própria escola que fica sem autonomia quando de fato o diretor não a tem.
Assim, o que se busca na gestão democrática é que o Diretor possa se tornar um representante da escola que busca superar o modelo vigente, adotando-se assim uma política de descentralização e participação social.

Considerações finais:

Com base em tudo que se afirmou e discutiu,  pode-se verificar que no âmbito da gestão educacional, a democracia deixa de ser um acessório estratégico e passa a se constituir numa necessidade viva e imprescindível para o sucesso, especialmente no que se refere à gestão da escola pública.
Essa democracia tão demandada pela escola pública na sua esfera administrativa vai refletir diretamente no desempenho dos alunos e, para que esse seja satisfatório, é preciso que a opção democrática faça parte do projeto político pedagógico, e que o respeito a tais princípios seja destacado na ação individual de cada membro da comunidade educacional, sem exceção. Isso se concretiza se cada ação individual for fruto da decisão e participação coletiva.
Assim, o caminho para o sucesso da gestão escolar está na participação de toda comunidade nesse processo e por conseqüência, um dos principais desafios do diretor é criar condições para que essa de fato aconteça, neste sentido é possível afirmar que a Gestão Democrática Participativa não é algo que  se impõe, vive-se.

REFERENCIAS:

BASTOS, Jose Baptista (org). Gestão democrática. Rio de Janeiro: DP & A: SEPE, 2001, 2ª edição. 144 p.
CONSED. Gestão participativa no âmbito escolar. IN: Revista Gestão em Rede. 2008, nº. 87, Agosto. Brasília-DF. Pág. 8, 10.
FERREIRA, Naura S.C (org). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 4ª ed. 2003.
LIBÂNEO, José Carlos. A organização e gestão da escola: teoria e prática. 5 ed. Revista e ampliada Goiânia: Editora Alternativa, 204 a 219 p.
_______, José Carlos. Educação Escolar: Políticas, estrutura e organização. São Paulo. Cortez, 2003.
LIMA, Licínio C. Organização Escolar e democracia radical: Paulo Freire e a governação democrática da escola pública. 2 ed. São Paulo; Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002. ( guia da escola cidadã; v.4).
LUCK, Heloisa et al. A escola participativa: O trabalho de gestor escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: DR & A, 1998.
PARO, V. H. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Ática, 1997.







[1] Especialista em Metodologia do Ensino – UNEB. Especialista em Docência do Ensino Superior – FACITE. Professora da UNEB – Universidade do Estado da Bahia. Coordenadora do Instituto de Educação Eujácio Ribeiro de Carvalho. Professora Municipal.

Sejamos Gansos!!!